Talvez serão apenas simples lembranças de uma vida monótona; de um pensamento contraditório; de uma lealdade quebrada pela distância, ou quem sabe, pela dúvida; um amor que se foi há longo prazo, correndo atrás daquilo que não se frutificou por estes meios do qual vivi.
Já tive tantas dúvidas de como seria voar e voar, sem destino, rumo ao fim, sem nada para poder me impedir, sentindo o gosto da liberdade, a sensação de conseguir tomar rumos diferentes, renovando meus ares; já me perguntei como seria a dor em ter que quebrar o coração de alguém, pois este não lhe faz feliz, e por mais que você seja capaz de continuar investindo nisto, você ainda continua buscando a sua felicidade, e quantas questões foram fundamentadas neste terrível medo de quebrar o coração de alguém que no íntimo tentou lhe fazer feliz, mesmo que isto esteja fora de seu controle, mas sempre persistiu, mesmo que no fracasso; foram tantas idéias e sonhos em como seria correr contra o vento, sentindo o vento levar todos os males embora, deixando toda a mágoa acumulada em anos de caminhada; quis intensamente saber como seria se enquadrar naquele velho ditado "Fortes são os que conseguem perdoar", sendo que nunca havia conseguido perdoar a si mesmo, e muitas das vezes cabia-lhe a lamentar, e por mais que fosse inacreditável, conseguir ser perdoado por alguém, deixando seu orgulho de lado e abraçando a vida de várias formas, pois esta, afinal, se torna tão contraditórias aos nossos costumes, as nossas fantasias e aos nossos ideais, que por ser tão irreverente se torna divina em sua própria essência.
Imaginando como havia sido injusto em desejar ter a vida tirada de si mesmo, enquanto nunca tenha visto e encarado de frente tal milagre que se regenera a cada segundo, pois a cada segundo que ficamos mais velhos, ficamos mais sábios e tal noção de inteligência de propaga no efeito e no desejo de se saber mais, criando assim cada segundo uma nova descoberta, um novo milagre.
Quis ver a vida em sua real e verdadeira face, em suas verdadeiras raízes; quis ver como o mar era para poder sentir a brisa em minha face, como o ar se tornaria gélido ao tocar minha pele; quis ver como seria o mundo que estava à minha frente e se seria muito duro e complicado em desbravá-lo ou se continuaria a viver escondido no calor em que sempre vivi, protegido de todos os tormentos que poderiam vir a aparecer quando eu colocasse meu rosto na janela e começasse a ver adiante.
Quis proteger o que amo e o que acredito, talvez até de mim mesmo, com medo de idéias alheias fizessem as minhas e me fizessem jogar tudo pro alto e começar uma nova aventura da qual eu não tinha noção nenhuma de como iria terminar; quis encontrar em minha família abrigo para fugir quando meus medos viessem me apavorar; uma família que permanecesse unida sob todas as circunstâncias, em que problemas seriam enfrentados e destruídos, e fui pego ao ter que acreditar que muitos dos problemas que tive e que ainda vou ter, são os principais responsáveis pela família da qual lutei por tanto tempo, pois esses nos fazem ficarmos unidos, e diante de tudo isto, diante da vida, éramos sim uma família perfeita, pois nada poderia nos abalar, nem mesmo a vida imperfeita como ela é, mas a vida que todos temos, ou melhor, talvez eu esteja me equivocando, não imperfeita, mas sim com pequenos fragmentos, mas estamos preparados, eu sei que sim, e eu espero que sim, minha família estará comigo.
Pois podemos ser os piores em qualquer coisa que tentarmos, mas seremos sempre os melhores em tudo do qual se vale a pena lutar, contudo, nunca seremos iguais nos nossos modos em como lutar. Mas, continuando sempre a lutar, pois sei que sim, sempre haverá algo pelo qual vale a pena lutar.
Hudson Roberto